VAMOS OUVIR AS SUAS HISTÓRIAS
Actualizado: 6 de oct de 2020
Agosto é um mês de grande importância para a comunidade lésbica. Dia 19 é o dia do orgulho lésbico e dia 29 é o dia da visibilidade lésbica.
Nesse ano de 2020, tão desafiador e doloroso que estamos vivendo, não bastaria alertar para os direitos das mulheres, para luta e mobilização que foi incluir o L no início da sigla LGBT, não seria suficiente alertar dos perigos da violência machista que não aceita que mulheres não gostem de homens e se relacionem com outras mulheres.
Não bastaria porque tempos difíceis como esse devemos olhar para a história das mulheres lésbicas e lembrar que apenas pelo fato de termos a possibilidade de conhecer essas histórias é um sinal de resistência, que ultrapassa o tempo, a história e o apagamento opressor patriarcal.
Então, em homenagem ao mês de agosto, que celebra o orgulho e a visibilidade lésbica, vamos celebrar algumas escritoras lésbicas, agradecendo, reverenciando e inspirando suas existências.
Vamos começar pelo silêncio quebrado de Audre Lorde, escritora norte americana, de descendência Caribenha, autora de “Outsider sister” e “Your silence will not protect you”.

“Eu nasci negra e uma mulher. Estou tentando me tornar a pessoa mais forte que consigo para viver a vida que me foi dada e ajudar a efetivar mudanças em direção a um futuro aceitável para o planeta e para minhas crianças”
Sua trajetória de vida foi de militância pelos direitos humanos, principalmente das mulheres negras. Em entrevista sobre o livro “Outsider sister”, coloca:
“E nos lugares em que as palavras das mulheres clamam para ser ouvidas, cada uma de nós devemos reconhecer a nossa responsabilidade de buscar essas palavras, de lê-las, de compartilhá-las e de analisar a pertinência delas na nossa vida. Que não nos escondamos por detrás das farsas de separação que nos foram impostas e que frequentemente aceitamos como se fossem invenção nossa.”
A sua voz dá vida às suas experiências e ela clama por ouvir outras mulheres, se coloca como negra, lésbica, mãe e poeta, foi uma ativista pelo fim das múltiplas opressões que sentia e das que tinha conhecimento.
No Brasil, Cidinha da Silva, também rompe o silêncio, escritora com grande sensibilidade que escancara as relações humanas, possui uma produção diversa, passando por vários gêneros, como literatura infantil, crônicas, poesias.
Em seu livro “Canções de amor e Dengo” ela avisa:
“Podem me catalogar como quiserem. Apenas não esperem que eu vista as roupas que me dão. Ou entre em caixinhas por vontade própria”.
E para nos encher de poesia e coragem, deixo aqui as palavras da artista Ryane Leão, autora dos livros “Tudo nela brilha e queima” e “Jamais peço desculpas por me derramar”:
meu recado às mulheres
contem
suas histórias
descubram o poder
de milhões de vozes
que foram caladas
por séculos
REFERÊNCIAS
https://www.instagram.com/p/CB_wQgWJoe8/
https://margens.com.br/2019/08/29/autoras-lesbicas-marginais-para-voce-conhecer/
https://www.geledes.org.br/10-livros-imperdiveis-sobre-vivencia-lesbica-escritos-por-lesbicas/
https://www.geledes.org.br/nao-existe-hierarquia-de-opressao/
https://medium.com/todxs/representatividade-lesbica-literatura-lista-autoras-6eb332d25c8f
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/08/25/cultura/1503684236_020478.html

Cristiane Duarte
Advogada feminista, atuante na área de direito de família e na defesa dos direitos das mulheres.